segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Marco regulatório na internet e o receio da censura na web


Direito Virtual 

O projeto de lei que cria o marco regulatório na internet poderá ser votado nesta terça-feira (13) pelo plenário da Câmara dos Deputados. De iniciativa do Executivo, o PL 2126/11 pretende estabelecer regras claras nas relações entre usuários e provedores na internet. Mas existe o receio de que acabe dando a governos e juízes condições para controlar o conteúdo, cerceando a liberdade de expressão.

 
Neste fim de semana, Elio Gaspari, autor de livros sobre a última ditadura brasileira, apontou dois “cascalhos” no texto que permitiriam a censura da rede. O primeiro no parágrafo 3º do artigo 9º. Ele define que na provisão de conexão, bem como na transmissão, comutação ou roteamento, “é vedado bloquear, monitorar, filtrar, analisar ou fiscalizar o conteúdo dos pacotes de dados, ressalvadas as hipóteses admitidas na legislação”.
 
No fundo, a internet continuaria livre, desde que cumprisse as normas de serviço, portarias e regulamentos do governo. Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), nossa internet poderia ficar como a da China, dependendo do partido que estiver no poder. Ele apresentou emenda supressiva do trecho “ressalvadas as hipóteses admitidas na legislação”. Espera-se que a emenda seja aprovada pelo Congresso Nacional.
 
Outro dispositivo criticado é o que afirma que, para “assegurar a liberdade de expressão”, o provedor poderá ser responsabilizado civilmente se não cumprir uma ordem judicial que manda bloquear uma conexão.


Para exemplificar o poder que se transfere ao juiz, com um dispositivo desses, seria possível a um deles até mesmo mandar que o Google retirasse da internet os 750 mil documentos secretos do governo dos Estados Unidos transmitidos ao site WikiLeaks por um soldado americano. Na China, serviços do Google, incluindo correio eletrônico, ficaram inacessíveis durante quase toda a última sexta-feira, a pretexto de garantir a segurança no 18º Congresso do Partido Comunista.
 
Enquanto fala de defesa da liberdade de expressão e de acesso à informação, o texto em análise pelos deputados brasileiros cria limitações. “É a técnica da reunião que baixou o AI-5, na qual se falou 19 vezes em democracia e criou-se a ditadura”, lembra Gaspari. Infelizmente, a imprensa brasileira, como no caso do jornal “O Estado de S. Paulo”, proibido desde julho de 2009 de noticiar a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, vem sofrendo na pele a censura judicial. A democracia não ganha com a censura na internet.

http://www.hojeemdia.com.br/noticias/marco-regulatorio-na-internet-e-o-receio-da-censura-na-web-1.55759

Australiano vai receber US$ 208 mil do Google por difamação

Direito Civil 



SYDNEY - O Google precisou pagar 208 mil dólares nesta segunda-feira (12) por danos a um australiano depois que um júri considerou o gigante americano de internet culpado por difamá-lo, ao divulgar material que o vinculava a mafiosos. Milorad Trkulja, de 62 anos, recebeu um tiro nas costas em 2004, em um crime que nunca foi esclarecido.

Trkulja acusou o Google de difamá-lo com material que sugeria que era uma figura criminosa importante em Melbourne e que havia sido vítima de um acerto de contas. Buscas com seu nome davam como resultado referências aos meliantes da cidade, incluindo o chefe criminoso Tony Mokbel, e um site agora desaparecido que se chamava "Melbourne Crime", especializado em questões da máfia.

O Google alegou perante a Suprema Corte de Victoria que havia se limitado a divulgar material publicado por outros e negou que o mesmo tivesse as consequências difamadoras levantadas por Trkulja. O júri se pronunciou a favor do australiano, ao determinar que o gigante de internet estava ciente do assunto e não tomou medidas quando, a partir de outubro de 2009, a vítima denunciou a divulgação dos artigos.

O juiz David Beach ordenou o Google a pagar a indenização a Trkulja, considerando que seu papel na publicação era equivalente ao de uma biblioteca ou meio de comunicação, "muitas vezes considerados como editores aos olhos da lei antidifamatória" australiana.


Disponível em: http://www.hojeemdia.com.br/noticias/australiano-vai-receber-us-208-mil-do-google-por-difamac-o-1.55774